quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sempre eu mesma, mas não sempre a mesma

Ei, pessoas... Obrigadissima pela visita, e mais ainda pela gentileza, é bom saber que de certa forma, minhas palavras tocam algo, despertam, sei lá...
Postarei hoje um poeminha que escrevi durante um curso de escritor (aiii que chique!!) que fiz em São Paulo, eram oficinas com Gabriel Perissé, quem lê sabe de quem se trata, minha homenagem a esse cara brilhante que consegue tirar não só leite de pedra, mas mel e perfume...


Poema-Minuto (ou Bom Dia, São Paulo!)
A borboleta se opõe ao concreto asfalto.
Do alto do prédio, vejo - a vida corre,
decerto por não saber caminhar lento.
Chão cinzento, e céu cinzento, e pessoas
ton-sur-ton com suas fardas e máscaras.
Tudo tão organizado, que não acha lugar
a pergunta: onde o caos se esconde?
De onde me espreita o gênio mau da inquietude?
De onde vemessa vontade oca de ..................
Gritar? Gargalhar? Atravessar a rua sem olhar
para os dois lados? Sacudir a moça da bilheteria do metrô
que não sabe sorrir, talvez porque
aqui não se ri, tudo é tão eficiente e rápido e fácil
que o mais se perde, e secamos por dentro
como folhas de outono, e não há primavera possível
para quem esqueceu:
A borboleta se opõe ao concreto asfalto.
E em suas asas de leveza,
carrega um segredo meu e dela.
(janeiro de 2000)