Eu desisti (faz tempo) de entender: maio eu envelheço. E não é meu aniversário. É o frio? O céu mais azul e limpo? Já disse que não entendo. Esse poema é antigo, bem que podia ser hoje.
Básico
Uma moça muito velha, é isso que eu sou.
Como uma porta que range desde sempre,
Anunciando solene quem chega e quem vai.
Como uma fotografia amarelada de tanto olhar,
Já não sei mais ser, e se já soube um dia...
Ah, quanta coisa se sabe quando jovem!
Mas eu, que só fui jovem numa vida passada,
Dessa vez já nasci muito velha...
O espelho ri quando me olho(a)
Pois ele não sente.
Cabe a mim a estranheza toda
De ser, sem ser.
De estar repleta de um vazio imenso.
Desse oco superlativo.
Raquel Dörnfeld
(*26/01/2004)
Nenhum comentário:
Postar um comentário